Uma das maiores dúvidas dos fãs é entender por que as cenas de luta são diferentes em Daredevil Born Again quando comparadas com as cenas da Netflix. Entenda
Se você está acompanhando Daredevil: Born Again e percebeu que as cenas de luta têm um ritmo e estilo bem diferentes dependendo do personagem, saiba que isso não é por acaso.
A coreografia dos combates da nova série da Disney+ foi pensada nos mínimos detalhes para refletir a personalidade, o passado e os objetivos de cada herói (ou anti-herói). E ninguém explicou isso melhor do que Philip Silvera, coordenador de dublês e lutas da série.
Em entrevista ao CBR, Silvera revelou que a lógica por trás dos combates foi moldada a partir da história e do “mindset” de cada um. Segundo ele, o contraste entre Matt Murdock (Demolidor) e Frank Castle (Justiceiro) é evidente e proposital:
Você tem Frank Castle, que foi treinado no exército. Taticamente treinado. Mas a mentalidade dele é não segurar nada. Ele não sente culpa por isso. E é assim que esses caras agem no campo de batalha
explicou Silvera.
Ou seja, o Justiceiro luta como um soldado de elite em guerra, com eficiência máxima e brutalidade total. Ele entra em cena para eliminar ameaças, e não apenas imobilizá-las. Isso se traduz em golpes diretos, uso de armas de fogo, facas e, muitas vezes, execuções rápidas — algo que contrasta com o estilo mais ético (ainda que violento) do Demolidor.
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A diferença entre matar e incapacitar
O Justiceiro não hesita em matar. Já Matt Murdock luta com um objetivo muito diferente. Ele quer parar os criminosos, mas sem cruzar a linha da execução.
Silvera destacou essa nuance com clareza:
Frank não se importa se vai matar. Matt está OK em danificar as pessoas até o ponto de… isso pode estragar o resto da vida dela. Tipo: ‘vou quebrar sua perna, talvez você nunca mais ande, mas você ainda está vivo’.
Essa abordagem é fiel às raízes de cada personagem nos quadrinhos e também respeita a construção feita na série da Netflix. O Demolidor usa sua fé e senso de justiça como bússola, enquanto o Justiceiro é movido por vingança e um código moral mais sombrio e pessoal.
A arte da luta como narrativa
As diferenças de estilo não param nos dois protagonistas. Silvera comentou ainda como cada personagem ganhou uma assinatura própria de movimentos em Daredevil: Born Again, incluindo vilões como Muse e Poindexter:
Muse, nós tentamos dar a ele o toque de um artista com o pincel. Fizemos ele se mover como um esgrimista quando está com a lâmina na mão. Pequenos detalhes.
Essa atenção à linguagem corporal mostra como o time criativo pensou além da pancadaria tradicional. Cada sequência de luta é usada para contar algo sobre o personagem — seja seu histórico, suas emoções ou sua visão de mundo.
Um novo padrão para as lutas do MCU?
Com a volta de personagens como Karen Page, Foggy Nelson, Bullseye, Vanessa Fisk e a estreia de Matthew Lillard, Daredevil: Born Again não se contenta em repetir fórmulas. A série aposta em coreografias realistas, brutais e cheias de personalidade, que fogem do padrão engessado de outras produções da Marvel.
A presença de Philip Silvera, que já havia trabalhado com Charlie Cox na série original da Netflix, é um dos motivos do sucesso. Ele traz não só técnica, mas também respeito pela complexidade dos personagens, criando combates que são tão intensos quanto emocionais.
Em resumo: por que as lutas são diferentes?
Porque os personagens são diferentes. O Justiceiro luta como um soldado que quer eliminar a ameaça. O Demolidor luta como alguém que quer salvar sua cidade sem perder a própria alma. E é isso que faz cada cena de ação em Born Again ser mais do que um espetáculo: ela é parte da história, da dor e do dilema de quem está lutando.