Para quem estava aguardando e até com receio (ou remorsos), Demolidor Born Again supera expectativas dos fãs. A série tem tudo para conquistar de vez os fãs.
Os dois primeiros episódios de Demolidor Born Again trouxeram uma palhinha do que a série nos trará com a saga de Matt Murdock. Mesmo com o início realmente impactante, as edições realizadas por Dario Scardapane e os demais produtores comprovaram que a série será menos filosófica e trará de volta todo o padrão conhecido da Marvel: sangue e brigas à vista.
Outro fato que continua chamando a atenção é o entrosamento entre Cox e D’Onofrio. As cenas de tensão entre Murdock e Kingpin são facilmente percebidas pelos fãs. Ambos atores conseguem encarnar toda a história e o passado de seus respectivos personagens, trazendo à vida a rinha e a rivalidade já conhecida.
Se bem a Marvel deu várias escorregadas e foi vilmente criticada em várias produções por deixar as histórias com um ar mais politicamente correto, que desagradou a grande parcela dos fãs dos comics, Daredevil Born Again já mostrou em dois episódios cenas agressivas e violentas para o padrão conhecido.
A cena onde Matt é esfaqueado por Dex é uma delas: você não veria nada tão explícito assim em outras produções, talvez não da maneira que foi apresentada.
Promessa de mais brigas: a razão pela qual Demolidor Born Again supera expectativas é clara
É esperado, com todo o hype pela série, que as brigas continuem cada vez mais violentas, para o agrado dos fãs.
Até porque o tão aguardado Muse, interpretado por um personagem conhecido dos fãs de Wandinha Addams, está por vir e mostrar o que é capaz de fazer e até que ponto vai mexer com certas questões tão caras para o Demolidor, entre elas, a de matar seus inimigos – uma situação que o Justiceiro ignoraria solenemente sem pena e sem pensar duas vezes.
Para quem não se lembra, na cena em que o Demolidor está discutindo com o Justiceiro sobre sua sanha por vingança, Castle é categórico em afirmar que:
Você os acerta e eles se levantam. Eu os acerto e eles ficam no chão.
Não preciso explicar mais, certo?
É possível que a tal “linha cruzada” dita por Matt em seu primeiro encontro com Fisk após anos, se refira diretamente ao ocorrido entre ele e Dex, quando o demônio de Hell’s Kitchen arremessa o vilão sem pensar duas vezes de um edifício após a morte de Foggy.
Todas essas emoções iniciais fazem com que Matt repense sua decisão de deixar o Demolidor para trás. Agora, o Demolidor é um advogado bem sucedido, com uma possível vida amorosa tranquila e feliz, mas talvez nada disso seja suficiente para impedi-lo de querer fazer justiça à sua maneira.
Mudanças nas histórias dos personagens
Os anos passaram, as histórias mudaram e até mesmo a família Fisk tem uma nova dinâmica. Se antes era Wilson quem chefiava toda a organização criminosa, hoje é Vanessa. Fisk passa a ser o prefeito da cidade mais importante do mundo, Nova Iorque, e possivelmente lidará com outros desafios à altura.
Ainda nas reformulações, algumas características devem ter sido pensadas para fazer uma crítica – ou não – ao sistema atual. Alguns gestos de Kingpin são um pouco parecidos com outros de Donald Trump (e até a questão dos bonés, algo tão caro pela cultura americana).
Referências nos primeiros episódios
Existem mais referências e cada cena comprova que foi pensada para trazer um impacto não só de “sangue e gritaria”, mas para se pensar na constante tensão entre os personagens principais.
Uma referência que Guilherme Jacobs, colunista do Omelete, encontrou é a cena onde Matt e Wilson se sentam e conversam em um restaurante – os famosos dinners – faz referência a outra cena onde Al Pacino e Robert De Niro e, Heat (Fogo contra Fogo, 1995).
Ambos estão conversando, em um diálogo passivo-agressivo, como se estivessem jogando xadrez, esperando sempre o movimento do outro para reagir. Ambos se entendem e se reconhecem como ameaças, sabendo que nem um, pior o outro, vai desistir de seus objetivos – sejam eles quais forem.
Anos passando…
Os anos passaram – e muitos. Desde 2018, os fãs aguardavam ansiosamente pelo retorno do Diabo de Hell’s Kitchen. A espera e os pedidos foram tantos, que uma campanha mundial conseguiu amolecer os corações dos poderosos da Disney.
#SaveDaredevil rodou o mundo, convenceu os produtores e Kevin Feige a dar uma nova chance não só ao advogado, mas a vários personagens fixos e trazer novos dos Comics da Marvel.
Se os dois primeiros episódios chegaram com tudo, metendo os dois pés nas portas e nos peitos – Dex que o diga – só podemos esperar mais combates fortes e vilões realmente vilões, não mais a versão bonitinha, apta para todos os públicos.
A classificação +18 é a prova do que devemos esperar da série.
Sangue, dor e lágrimas.
Para que mais?